Ferenczi mostra que a criança, ao viver experiências traumáticas, cria um “falso eu” para sobreviver.

Esse eu continua operando na vida adulta, sabotando qualquer passo em direção ao prazer e à realização, porque prazer, no passado, foi sinônimo de risco.

A autossabotagem é esse eu adaptado, que sobrevive, mas não vive.

Freud diz que tudo aquilo que é reprimido retorna de forma disfarçada.

O desejo que não pôde existir na infância pode retornar como culpa, como resistência, como fracasso repetido.

A autossabotagem é o recalcado agindo no presente: você quer algo, mas inconscientemente repete o que te impe
de.

Nosso inconsciente cria sabotadores internos para evitar que revivamos traumas passados.

Se, no passado, ser visto, desejado ou bem-sucedido foi associado a dor, rejeição ou castigo, hoje seu inconsciente acredita que te proteger é te manter invisível.

O sabotador interno não é seu inimigo. É uma sombra protetora que precisa ser escutada, não expulsa.

Você está com o pé no acelerador, deseja mudar, crescer, avançar, mas também com o pé no freio: sente medo, culpa, ansiedade.

É o corpo e a mente puxando em direções opostas.

Você se cansa, mas não sai do lugar.

Esse conflito interno é o terreno fértil da autossabotagem: uma guerra silenciosa entre desejo e autoproteção.

 Você tenta construir algo novo, um relacionamento, um projeto, um recomeço, mas tudo desmorona sem motivo aparente.

O que acontece?

Sua base emocional foi construída sobre experiências instáveis.

Você quer pintar a fachada, mas a fundação não sustenta.

Resultado: tudo desaba antes de começar.